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Queda do real é vitória do governo brasileiro, diz ‘FT’

O Financial Times é mais um veículo de comunicação estrangeiro a interpretar a queda recente do real como uma ‘vitória’ do governo brasileiro na disputa que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de ‘guerra cambial’.

O texto intitulado ‘Brasília brinda a queda do real’ diz que, para Mantega, a semana passada foi ‘o ponto culminante após 18 meses de trabalho’ para depreciar a moeda brasileira.

Agora, a questão não é mais se o governo consegue desvalorizar o real, e sim até que ponto ele vai permitir essa queda, uma vez que esse movimento aumenta o risco de inflação.

O dólar chegou a ser cotado a R$ 1,54 em julho do ano passado, quando a taxa básica de juros estava em 12,5% ao ano. Na última sexta-feira, a moeda americana atingiu R$ 1,956, uma alta de 27%. Atualmente, o juro básico está em 9% ao ano.

A reportagem do jornal britânico atribui essa variação cambial à perspectiva de fraco crescimento no Brasil e no mundo e à queda das taxas de juros no País.

Outros veículos internacionais de comunicação comentaram recentemente as medidas do governo e seu impacto no câmbio. O Wall Street Journal afirmou já em março que o governo brasileiro havia vencido ‘o primeiro round’ da ‘guerra cambial’. A Bloomberg notou que os investidores internacionais ‘se renderam’ às medidas do governo para depreciar o real e decidiram retirar dinheiro do País.

A respeito da política cambial e da inflação no Brasil, veja o que disseram analistas consultados pelo Financial Times:

‘O debate é se o câmbio vai elevar a inflação por meio do efeito pass-through. […] Eles [o Banco Central] têm objetivos demais. Querem uma moeda mais fraca para estimular a indústria, mas querem cortar juros ao mesmo tempo e manter a inflação dentro da meta. Alguma coisa terá que ceder.’

Flavia Cattan-Naslausky, do Royal Bank of Scotland. O chamado efeito pass-through é o repasse da variação cambial para os preços dos produtos de um país.

‘Há um crescente coro das autoridades da área financeira sugerindo que o atual nível do real já beneficia a indústria local.’

Nick Chamie, do Royal Bank of Canadá.

‘Nós esperamos que a taxa de câmbio fique entre R$ 1,85 e R$ 2. Níveis acima de R$ 2 poderiam gerar preocupações com o efeito pass-through que, em meio a cortes agressivos de juros, intensificariam o medo de inflação quando o País recuperar o crescimento econômico.’

Banco Crédit Agricole, em relatório.

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