NOTA SINSEP-GO: LINGUAGEM DO AGENTE PENITENCIÁRIO
LINGUAGEM DO AGENTE PENITENCIÁRIO
“A linguagem vai ter ao longo de todo o seu percurso e nas suas formas mais complexas um valor expressivo que é irredutível” Foucaut.
De acordo com Michael Foucaut em seu livro “A verdade e as coisas” a linguagem é o lugar onde a verdade se manifesta e se anuncia, mas não no sentido em que existe uma verdade a ser desvelada, esperando que se traduzam em palavras, mas ao contrário a elaboração do discurso é constitutiva da realidade.
Grande constrangimento tem sofrido a categoria com a linguagem que vem sendo utilizada em nossos cursos de formação na Superintendência de Administração Penitenciária. Ao participar de algumas solenidades de formatura fomos surpreendidos com um novo slogan que foi intitulado como grito de guerra dos agentes: “lossa”, seguida de um gesto que explicita com melhor precisão o sentido de: “tô nem aí, pouco me importa, não ligo para nada ou algo pior” a linguagem é decorrente do contato dos profissionais com a população carcerária.
Insta salientar que a utilização recorrente da expressão “lossa”, acaba por disseminar e induzir um comportamento de descaso e isso não pode ser propagado em nosso meio, haja vista que esta Superintendência necessita de pessoas engajadas, que contribuam para o efetivo crescimento do Sistema Penitenciário.
Desta forma, relegar os novos servidores a desde o início carregarem consigo o estigma de descompromisso, em nada traduz os reais objetivos e necessidades desta instituição, trazendo sérios prejuízos a imagem e, sobretudo aos serviços prestados por esta Superintendência.
Nós, servidores do sistema prisional compreendemos o dialeto utilizado pelos apenados, pois já estamos habituados, sem preconceito linguístico, no entanto, a sociedade tem repugnado essa modalidade de fala, pois não faz parte da linguagem gramaticalizada e que muitas vezes, é utilizada para desdenhar do sistema legal, acredita-se ainda que é utilizada como código específico para que nem todos possam compreender, e que serve de manobra para despistar o sistema prisional das ações criminosas.
O agente prisional presta um importante serviço público, de alto nível e risco, contribuindo através do tratamento penal da vigilância e custodia o respeito da pessoa presa no sistema prisional com zelo dedicação e respeito à instituição que servimos.
De modo que existe a necessidade de que os Agentes Penitenciários apresentem um perfil adequado para o efetivo exercício da função, e requer, pois, um engajamento e um compromisso para com a instituição a que pertençam, pautando por um espírito de legalidade e ética.
Finalmente, aos Agentes Penitenciários, reconhecerem as atribuições inerentes a própria função, devendo transcender todo código linguístico utilizado pela criminalidade e incutir ao apenado uma mudança de comportamento. Desta forma estaremos sim preparados para contribuir para a promoção da cidadania e nos apresentarmos definitivamente como protagonista de nosso papel social de funcionário público honrado.
SINSEP-GO
SINDICATO FORTE