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6,7 mil ocorrências deixaram de ser feitas em paralisação

Se em dias normais, a Polícia Civil de Goiás registra uma média de 7 mil ocorrências por dia, ontem, devido à paralisação de 24 horas promovida pelos agentes e escrivães, foram anotados apenas 247 boletins de ocorrências até o final da tarde em todo o Estado. Apenas os flagrantes e a apuração de mortes consideradas violentas estavam sendo realizados; quem procurou as delegacias para o registro de boletins de ocorrência foi orientado a voltar hoje para a efetivação do procedimento.

. “Até acompanhamos a delegada (a adjunta Flávia Santos Andrade) em uma ocorrência, mas foi ela que fez todas as anotações. Estamos trabalhando aqui apenas nos casos de homicídios com mortes violentas”, informou, por volta do meio-dia, o único agente presente na Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), que se preparava para almoçar. Na Delegacia de Investigações Criminais (Deic), um grupo de servidores conversava tranquilamente no banco em frente ao prédio. “Estamos todos parados, até amanhã (hoje). Por enquanto, ainda não tivemos nenhum flagrante para registrar”, afirmou um dos agentes.

. No complexo de delegacias especializadas localizado na Cidade Jardim, apenas a Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DERFRVA) apresentou um fluxo maior de cidadãos em busca do registro de ocorrências. Como Luiz César de Sousa Santos, morador do Setor Coimbra, todos foram orientados a deixar para depois a emissão do documento. “Roubaram o meu carro de madrugada, na porta da casa da minha namorada, e um amigo disse que seria mais rápido vir aqui registrar o boletim. Fazer o quê, agora? Esperar até amanhã (hoje) para, enfim, acionar o seguro”, lamentou o jovem universitário. No 20º DP, no Setor Sudoeste, policiais militares e vítimas de roubo aguardavam, por volta das 13 horas, a chegada do delegado responsável para o registro do boletim de ocorrência e encaminhamento dos três suspeitos e objetos roubados de residências no Jardim Europa.

. Agentes da Polícia Civil cumpriam suas funções no flagrante. No 1º DP, Região Central de Goiânia, nenhuma vítima de crime na recepção. “Só uma mulher esteve aqui querendo registrar ocorrência; disse a ela para voltar amanhã (hoje)”, contou o agente por trás do balcão. No Setor Pedro Ludovico, servidores chegaram a colocar cadeiras do lado de fora do 8º DP, para conversarem. “Logo vou puxar uma paralisação é de comissionados. Está mal esse salário”, brincou um deles.

Reivindicações.

. A lista de reivindicações de agentes e escrivães da Polícia Civil vai desde a criação de um novo cargo – o de Investigador de Polícia, que resultaria da fusão das duas funções – até a solicitação de pagamento integral da data-base (reposição salarial anual) e a reestruturação do piso da categoria. Também reivindicam o pagamento de bônus por produtividade para todos da área, e não apenas para delegados. De acordo com o Sinpol-GO, o piso salarial, que hoje é de R$ 3.062,68, deveria ser de R$ 4.385, diferença gerada com relação à data-base da categoria.

. A entidade quer o aumento do piso para R$ 7.050,00. Segundo o presidente do Sinpol-GO, Silveira Alves de Moura, o governo de Goiás descumpriu o acordo firmado após a greve da categoria em 2012 e a paralisação de ontem é consequência disso. Silveira explica que a reestruturação do piso está sendo analisada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e a expectativa é que a Assembleia Legislativa aprove o projeto até o fim do mês. Caso as reivindicações não sejam atendidas, o Sinpol-GO promete votar o indicativo de greve por tempo indeterminado. A categoria agendou novas manifestações.

Secretaria diz que vai aplicar corte de pontos A Secretaria Estadual da Segurança Pública e Justiça (SSPJ-GO) reagiu à paralisação dos agentes e escrivães. A Delegacia-Geral da Polícia Civil informou que vai cortar o ponto de quem aderiu ao movimento, assim que os delegados informarem sobre os faltosos. O delegado-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski, disse que “a maioria da estrutura da Polícia Civil funcionou normalmente e não houve prejuízo à população”.

Por meio de nota, o diretor administrativo do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO), Alexandre Martins Ribeiro, rebateu: “É evidente que o corte de ponto é imoral e antidemocrático, e este também é o entendimento comum do movimento sindical. Porém, isto não impede que as chefias e até o governo realizem ameaças e utilizem tal instrumento”.

Fonte: O Popular

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